Sou arquiteto


"Sou arquiteto,...
Aquele que dizem ser engenheiro frustrado,
Decorador disfarçado,
Esquisito, meio pirado,
Às vezes alienado, outras, por demais engajado;
Às vezes de Havaianas, outras engravatado.

Sou arquiteto,
Aquele que chamam de sonhador;
Ah! Pudesse eu ter meus sonhos de volta,
Mas sou ainda um aprendiz na escola da vida;
Dominei a forma, distribuo espaços,
Mas muitas vezes me sinto fora de esquadro,
Perdido em linhas paralelas demais,
Numa escala indefinida.

Mas sou arquiteto.
Sou poeta, E sou muito mais que um sonhador,
Porque possuo em cima da velha prancheta,
Projetos para todos os sonhos;
Casas para abrigar um novo amor;
Caminhos para chegar ao Arco-íris;
E jardins para o aconchego do entardecer..."

Arquiteta e Urbanista Lienne Liarte

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Hertzberger (cap. III) +Jane Jacobs+ Intervenção..

Hertzberger e Jane Jacobs tratam, em suas respectivas obras: "Lições de arquitetura e Morte e vida de grandes cidades", de conceitos sobre a dinâmica em torno da cidade: suas necessidades, sua forma de uso, etc. Ambos apresentam a importância que deve ser dada aos pequenos detalhes do cotidiano, uma vez que por trás de cada elemento ou objeto implantado, há inúmeras concepções que envolvem o comportamento e os valores dos usuários. Para isso, os autores destacam a seriedade com que os responsáveis pela elaboração de tais elementos (arquitetos, engenheiros, etc.) devem tratar as construções de ambientes.

Jane Jacobs defende sua ideia central a respeito do grau de urbanidade que uma cidade, bairro ou rua podem desenvolver. Esse processo se dá de acordo com a vitalidade que o ambiente apresenta, ou seja, o convívio de atividades distintas a serem oferecidas e exercidas num mesmo espaço. Para a autora, o entendimento entre os princípios básicos da cidade como morar, trabalhar, circular e divertir, é a base da vida urbana.

Seguindo esse contexto, pode-se inferir que o grau de vitalidade de Belo Horizonte é bastante elevado, uma vez que a atração de serviços, atividades e moradores torna a cidade cada vez mais funcional.

Hertzberger também trata a funcionalidade de forma ampla. Ele afirma que um elemento tem que cumprir com alguns preceitos para que não perca sua característica inicial. Uma sala de estar, por exemplo, não deve ser tão pequena a ponto de ser desconfortável, nem tão grande a ponto de excluir as pessoas. Ela deve ter o tamanho ideal para que seus usuários possam usufruir um local de convivência. O autor explica, também, que objetos diferentes podem desempenhar a mesma funcionalidade dependendo da sua forma de ocupação. Um corrimão, por exemplo, pode talvez satisfazer muito mais uma criança que nele brinca do que um playground que teria primordialmente essa função de lazer.

Contudo, é muito importante destacar do terceiro capitulo de Hertzberger, o trecho em que ele afirma: “... a extrema funcionalidade de um objeto torna-o rígido e inflexível...”. Pois, assim como o playground que tem uma função já pré-estabelecida, a mesma analise pode ser inferida, num contexto maior, para a própria cidade de Belo Horizonte.

Com tantas funções e atividades, Belo Horizonte perde suas particularidades e vira simplesmente um lugar de serviços. Esse rótulo é tão intenso que acaba havendo uma separação daquilo que é “função da cidade” e daquilo que não é. Uma pessoa que busca tranqüilidade e sossego, por exemplo, não vai procurar isso em pleno centro urbano, ela vai se afastar cada vez mais daquilo que teoricamente tinha funcionalidade máxima, buscando a calma em ambientes isolados e periféricos. O campo passa, então, a ter um elemento diferenciado da cidade, capaz de destoar e segregar expressivamente esses dois ambientes.

Entretanto, como citado anteriormente, os detalhes são capazes de gerar uma nova visão sobre o espaço, e foi com esse argumento que propusemos intervir no modo de vida urbano montando uma área de camping no centro da cidade. Essa ação despertou tanto nos idealizadores do projeto quanto nas pessoas de fora, uma curiosidade sobre essa forma de pensar.
“ O estabelecimento de contato é, de certo modo, como o processo de sedução, em que ambos os lados fazem reivindicações iguais.”( Hertzberger)

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