Sou arquiteto


"Sou arquiteto,...
Aquele que dizem ser engenheiro frustrado,
Decorador disfarçado,
Esquisito, meio pirado,
Às vezes alienado, outras, por demais engajado;
Às vezes de Havaianas, outras engravatado.

Sou arquiteto,
Aquele que chamam de sonhador;
Ah! Pudesse eu ter meus sonhos de volta,
Mas sou ainda um aprendiz na escola da vida;
Dominei a forma, distribuo espaços,
Mas muitas vezes me sinto fora de esquadro,
Perdido em linhas paralelas demais,
Numa escala indefinida.

Mas sou arquiteto.
Sou poeta, E sou muito mais que um sonhador,
Porque possuo em cima da velha prancheta,
Projetos para todos os sonhos;
Casas para abrigar um novo amor;
Caminhos para chegar ao Arco-íris;
E jardins para o aconchego do entardecer..."

Arquiteta e Urbanista Lienne Liarte

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Visita a Inhotim

No dia 30 de maio visitei o Museu Inhotim na companhia dos estudantes de arquitetura da UFMG.

O museu, considerado a maior galeria de arte contemporânea ao ar livre do mundo, foi idéia de um rico industrial que, em vez de agricultura ou pecuária, decidiu implantar em sua fazenda um marco importante no roteiro artístico nacional. “Esse Brasil merece ser visto lá fora como um país inteligente. E não como um país que compra inteligência“, diz o dono do Centro de Arte Inhotim.


O local oferece a seus visitantes uma mistura harmoniosa de sensações. A toda hora existe integração com elementos internos, ora com a natureza, distribuída entre inúmeras espécies de plantas e animais, ora com as próprias obras.











Contudo, ainda que seja muito marcante a presença física dos objetos, o que me chamou mais atenção não foram as obras em si, e sim o processo de sua idealização, ou seja, a história por trás de cada detalhe presente nas exposições.

Era comum ouvir comentários do tipo: "essa obra qualquer um faz!", entretanto, muitas vezes a complexidade de alguma intervenção artística está em sua essência, ao invés de estar em seu produto final.

Tendo em vista todo essa linha de raciocínio, a exposição que mais me marcou foi a "Once Upon a Time", de Steve McQueen. Ela consiste na projeção sobre uma tela de 116 imagens (em seqüência) de cenas e ambientes cotidianos, seguida de uma confusa trilha sonora. Ainda que pareça ser uma exibição simples, sua explicação era:

"Once upon a time [Era uma vez, 2002] consiste numa projeção em slides de fotografias que a NASA – Agência Nacional Aero-Espacial dos Estados Unidos - mandou para o espaço à bordo da Voyager II, em 1977, com a intenção de contar sobre a vida na Terra para seres extraterrestres inteligentes. A missão dessa nave não-tripulada é considerada uma das mais bem sucedidas na história da aviação interestelar; ela visitou quatro planetas antes de deixar o sistema solar. O artista e cineasta Steve McQueen criou uma trilha sonora para a projeção dessas imagens, que é a gravação de vozes “falando em línguas”, em linguagem aparentemente desconhecidas, um fenômeno presente no êxtase espiritual. Once upon a time (2002) investiga a construção e a representação do conhecimento através de um retrato positivista da Terra, onde pobreza, conflitos e doenças visivelmente não existem. A Voyager II continua a viajar espaço afora sem nenhum destino específico, na esperança de ser encontrada algum dia. Em aproximadamente 300 mil anos ela passará ao largo da estrela Sirius. Entretanto, a intenção de provar a existência da humanidade para seres extraterrestres por meio desse registro de 116 imagens - ainda que no futuro a vida na Terra acabe - é, no sentido literal da palavra, alienante."


(imagens da obra "once upon a time")

mais informações:
http://www.inhotim.org.br/arte/obra/view/308
http://www.portaldebrumadinho.com.br/caci.asp

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