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Nem tudo é o que parece
Dois é um
No município de Caeté nasce um rio que recebe o nome da cidade. Logo ao lado, no município de Sabará, nasce outro rio que também leva o nome de sua cidade. Mas suas águas se encontram para depois desaguar no Rio das Velhas. A situação da bacia do Caeté/Sabará é crítica. Segundo o prefeito de Caeté, Ademir Carvalho, todo o esgoto da cidade é jogado no rio. Já existe uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) no município, mas ela trata apenas 5% do total.
A situação em Sabará é pior: “o esgoto de Caeté vai todo sem nenhum tratamento para Sabará”. Para agravar, o esgoto de Sabará também é jogado in natura no rio, caindo direto no Rio das Velhas. Contudo, sabe-se que ter uma ETE em Caeté e não ter uma em Sabará não resolve muito para a bacia, pois irá desaguar no Rio das Velhas com poluição do mesmo jeito. Em Sabará, a construção de uma ETE e de dois interceptores deve começar ainda este ano.
A obra faz parte do Boulevard de Sabará, projeto de recuperação urbanística, paisagística e ambiental. Quando o projeto começou a ser idealizado a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) foi consultada e orientou que o Boulevard pensasse em toda a bacia, uma vez que a obra não poderia ser só em Sabará, teria que ser em Caeté também. Pensaram então em fazer um convênio entre os dois municípios, mas não foram adiante. É difícil unir as duas prefeituras. “Por enquanto está na idéia mesmo”. Um Subcomitê tenta viabilizar articulação.
Árvores para que te quero
O plantio de arvores parece ser a solução para muitos problemas que envolvem o cuidado com o planeta. Contudo, esse é um processo que não é tão fácil. O pouco conhecimento sobre as espécies nativas e seu manejo; a cultura de desmatar para produzir; a resistência dos proprietários de terra são os principais entraves.
Em Minas Gerais uma das iniciativas de recuperação de áreas onde a vegetação foi destruída é o Instituto Estadual de Florestas (IEF), que tem o objetivo de recuperar para o período 2007/2011 cerca de 120 mil hectares ou o equivalente a 0,2% da área total do estado.
Como fazer?
Uma das dificuldades para alcançar esse objetivo é a falta de metodologias na hora do plantio, já que para cada espécie existe um tipo de cultivo particular. Contudo, essa técnica ainda não é dominada por muitos produtores.
Caminho
Um estudo entre o instituto de biologia da UFMG e parceria com o NuVelhas, procura desenvolver modelos de recuperação de matas ciliares na bacia do Rio das Velhas. O diferencial desse método é entender as especificidade de cada local e planejar como será a
Recuperação.
Para perceber a mudança
Uma meta de revitalização do rio das velhas tinha como objetivo tornar o rio favorável à pesca, banho e navegação em 2010. Muitas medidas que de fato melhoraram o rio, foram tomadas. Contudo, a água continua barrenta não transparente, o que significa que algumas condições naturais do rio ainda vigoram. Sendo assim, Como identificar a mudança do rio, então? Para tanto utiliza os chamados indicadores físico-químicos, que incluem parâmetros como oxigênio dissolvido, pH, presença de metais pesados, entre outros. O índice mais utilizado é o Índice de Qualidade de Água (IQA), que considera nove parâmetros, todos físico-químicos. Outro método eficiente é a observação dos bioindicadores.
Dentre esses organismos, os mais utilizados são as algas, os peixes e os macro invertebrados bentônicos (bentos), que são pequenos seres que habitam o fundo dos rios e lagos e servem de alimento para os peixes. Uma das tarefas é fazer com que a população seja informada sobre esses organismos, e possa identificá-los.
O verde invade o Velhas
Foi observada no rio das velhas a presença de algas verdes (cianobactérias) em grande parte da sua extensão.
Ter cianobactérias é um fenômeno natural. O problema é que nós estamos quebrando um equilíbrio microbiológico que existia nesses ecossistemas e fazendo com que um determinado tipo de microorganismo passe a ser dominante ou prolifere exageradamente. Essa proliferação traz preocupações em relação à saúde da população e dos animais que necessitam da água do rio. Só a chuva e a abundância de água podem reverter esse problema.
Especialistas acreditam que a proliferação desses microorganismos aconteceu devido à união de uma série de condições favoráveis: um longo período de estiagem em 2007, que diminui a vazão do rio, aumento da concentração de nutrientes e a formação de muitas áreas de remanso, onde a água corre lentamente, ambiente favorável para a proliferação das algas.
Limites da cultura da expansão
Governo se propõe a fomentar e a atender demanda por combustível, e mais: fazer isso de forma sustentável. A ideia é investir no etanol (gerado a partir da cana de açúcar), aumentando suas áreas de plantio. Mas a possibilidade de aumento das áreas plantadas levanta dúvidas. As regiões produtoras de alimento no país seriam respeitadas? É mesmo garantido que biomas ameaçados, como Amazônia, Pantanal e Cerrado, ficarão fora do raio de plantio do combustível? Mais problemas: um excesso de investimento em políticas ambientais pode prejudicar a economia, assim como um investimento massivo em tecnologia pode acarretar desemprego. O segredo é encontrar um denominador comum que agregue os fatores econômico, ambiental, tecnológico e social.
E quando entra areia?
Ter um rio assoreado não é nada bom, mas desassoreá-lo pode não ser tão fácil. No dia 13 de utubro, começaram as obras de desassoreamento de um trecho do São Francisco em dois pontos do município de Pirapora que vai da Ponte Marechal Hermes da Fonseca ao Balneário das Duchas. Segundo a prefeitura, a intervenção foi necessária porque o assoreamento estava prejudicando o abastecimento de água da cidade e também o turismo. O processo conta com uma escavadeira que retira entulhos e dejetos do fundo e das margens do rio. Mas há dúvidas sobre os impactos desse procedimento. Revolver o fundo de um rio pode significar, por exemplo, trazer à tona os rejeitos depositados no leito, que podem ser, inclusive, tóxicos.
Mobilizar pelos ouvidos
Em 2007, 18 rádios receberam e transmitiram o programa “Manuelzão dá o Recado”, produzido desde 2005 pelo Projeto Manuelzão em parceria com a rádio UFMG Educativa e que trata de temas como saúde, cidadania e meio ambiente. O objetivo é que as localidades da bacia do Velhas possam ter no programa mais uma referência de informações e troca de experiência ao longo da bacia. “O rádio permite falar pra quem está à jusante e à montante. Ele é um meio que ultrapassa as divisões territoriais que estão estabelecidas, como a entre municípios”, explica Elton Antunes, professor de comunicação da UFMG.
Em cena: meio ambiente
A reportagem mostra a importância de utilizar o teatro como intermédio entre os acontecimentos e a população, podendo auxiliar o trabalho de educação ambiental.
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Poluição: conceitos e preconceitos
O autor do texto defende a idéia que a revitalização do São Francisco não virá com obras, mas com opções e atitudes. Uma dessas será devolver à natureza os serviços
ambientais em que ela foi substituída por processos tecnológicos. Essa opinião é válida tanto pela demora das obras que envolvem recursos tecnologicos(por conta da burocracia e do próprio manejo com os objetos) quanto pelos gastos excessivos que eles geram.
Por uma compreensão além dos rótulos
A reportagem analisa os rótulos dados à pessoas e o que isso quer dizer acerca do nosso comportamento, uma vez que quando tomamos alguém como vítima do destino ou de um estado de coisas não passível de alteração, podemos até demonstrar compaixão, mas o que prevalece é a acomodação coletiva. Segundo Mário de Andrade, a humanidade precisa de rótulos para compreender as coisas; na verdade, a humanidade não compreende as coisas, compreende os rótulos.
Acostumado a não se decidir
A mestre em Educação e professora na área de Gestão Ambiental da Faculdade Estácio de Sá do Rio de Janeiro, Marta Teixeira do Amaral costa, por meio de entrevista, como se porta a educação européia no Brasil.Isso ocorre devido ao fato de que a influência européia determinou
a forma de educar e a maneira como (re)agimos perante o mundo, principalmente quando o assunto é educação e meio ambiente. O modelo educacional brasileiro não é nosso. É um modelo transplantado da cultura portuguesa, com um caráter excludente, totalmente neutra, em nenhum momento era percebido um significado social. Portanto, o professor tem que ser um desafiador constante, só assim será quebrado o paradigma da deficiente educação brasileira.
A burguesia fede
As regiões central e sul de Belo Horizonte não foram pensadas para interceptar os seus
esgotos. As conseqüências do mau planejamento são sentidas agora. Sujeira, mau cheiro lixos a vista, etc, podem ser encontrado em regiões “nobres”, como a zona sul de Belo Horizonte. Enquanto os bairros mais recentes da capital já foram construídos pensando na interceptação e
posterior tratamento do esgoto, a região mais antiga da cidade não foi planejada com a mesma preocupação. Tal problema é considerado uma questão de saude publica, passiva de projetos, planejamentos e obras, que já estão sendo muito bem pensadas para a região mais afetada (zona sul da cidade)
Vagões de dinheiro
Divergências e falta de fiscalização geram multa bilionária no setor da mineração, que, no Brasil, é marcada por grandes números. Com uma produção bruta de cerca de 380 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, o setor tem faturamentos crescentes, na casa dos nove dígitos. Foram mais de 130 bilhões de reais em 2006, o que significa 6% do Produto Interno Bruto (PIB). Ao lado desses números, a multa resultante de duas ações judiciais movidas
contra as maiores mineradoras do país (principalmente a Vale) pelos municípios onde elas atuam, que cobram a cifra de R$ 2,3 bilhões, parece ninharia. O valor inclui parte do pagamento da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) que não teria sido paga entre 1991 e 2004.
Bacias de papel
Previsto por lei, saneamento por bacia encontra dificuldade para se concretizar. O Projeto Manuelzão defende a utilização da bacia hidrográfica como unidade de gestão dos recursos hídricos, da saúde, do saneamento. Há leis que acompanham esse raciocínio e estabelecem a bacia como unidade de planejamento e gestão. A mais recente delas, a lei federal 11.445, acaba de completar um ano e traz como “novidade” o saneamento ambiental por bacia hidrográfica. Mas ter uma lei garante que a bacia seja realmente utilizada como unidade de gestão nem sempre é bom.Nessa atual lei, o saneamento é tratado de forma ampla e é entendido como: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. Tudo isso sob o viés da organização por
bacia. Mas o problema é: como cumprir essa lei e fazer o saneamento básico por bacia se as formas de organização dos prestadores de serviço de saneamento são diversas e estão organizadas por município?
Na prorrogação
Beira de rio desaparece, mas várzea sobrevive no futebol popular.
A várzea sempre foi o espaço dos terrenos vazios, não ocupados, e por isso é utilizada para a prática do futebol. Em regiões urbanas, a várzea não é o local preferencial para a ocupação, justamente por causa de sua vulnerabilidade às inundações. Mas essas características não se
estendem por toda a cidade. Nos centros urbanos, desde o início, o futebol de várzea é um fenômeno típico da periferia.
Mira, que bueno!
Crianças de Belo Horizonte viajam para Acampamento Mercocidades e dão show de
ecologia no Uruguai. O Acampamento Mercocidades ocorreu
entre os dias 13 e 19 de dezembro de 2007, em Punta Espinillo, área rural de
Montevidéu, no Uruguai, realizado pela Rede Mercocidades. A Escola Municipal Anne Frank, foi a representante de Belo Horizonte no evento, que reuniu aproximadamente 80 crianças com
idades entre 10 e 13 anos. Lá, elas discutiram sobre várias temáticas atuais, como a cidadania global, o meio-ambiente, os objetivos do milênio e a integração regional proposta pelo bloco econômico do Cone Sul.
A praça é nossa
Mudanças no uso não impedem que as praças continuem sendo de todos. Apesar da praça da estação e praça do papa oferecerem um conjunto de atividades e características próprias, é possível eleger um ponto em comum: elas são um espaço urbano público por excelência.
Mas de nada adianta uma praça oferecer recursos variados se o acesso a ela for difícil. O aumento da frota de automóveis tem sua parcela de culpa, ja que antes era possível o convívio entre eles. Agora, há mais veículos do que pedestres em praticamente todas as vias,assim, o simples ato de atravessar a rua para chegar à praça seria difícil. Por isso, estão sendo feitas alterações nos entornos das praças centrais da cidade para melhorar o acesso a elas.
Preservação e folia
Com enredo sobre o Rio das Velhas, Acadêmicos de Venda Nova mostra que temas ambientais ganham força até no carnaval. Pela primeira vez no carnaval de Belo Horizonte, o Rio das Velhas entra em cena na Via 240. Com o sambaenredo “Velhas, rio que corre em mim”, a Escola de Samba Acadêmicos de Venda Nova vence o Carnaval 2008, ao levar para avenida toda particularidade desse rio que corta uma boa porção da Grande BH. Iniciativas como essa mostram que os temas ambientais ganham cada vez mais espaço e se estendem a toda comunidade.
Encontro de experiências
Pesquisadores norte-americanos visitam a bacia do Rio das Velhas e trocam experiências
sobre biomonitoramento com o Projeto Manuelzão. A vinda de dois pesquisadores norte- americanos para o workshop “Biomonitoramento de bacias hidrográficas: experiências e metodologias” permitiu estabelecer comparações e verificar os avanços e desafios dos trabalhos
desenvolvidos pelo Núcleo Transdisciplinar e Transinstitucional pela Revitalização da Bacia do Rio das Velhas (NuVelhas).
Mudar, e não ter a vergonha de assumir..
Essa reportagem relata o processo de mudança de pensamento ocorrido com José Roberto BorgesChamps, coordenador geral do Plano Diretor de Drenagem. Ele foi, um dia,defensor da canalização de córregos, e é hoje grande expoente na defesa do respeito aos cursos d’água.
Sou arquiteto
"Sou arquiteto,...
Aquele que dizem ser engenheiro frustrado,
Decorador disfarçado,
Esquisito, meio pirado,
Às vezes alienado, outras, por demais engajado;
Às vezes de Havaianas, outras engravatado.
Sou arquiteto,
Aquele que chamam de sonhador;
Ah! Pudesse eu ter meus sonhos de volta,
Mas sou ainda um aprendiz na escola da vida;
Dominei a forma, distribuo espaços,
Mas muitas vezes me sinto fora de esquadro,
Perdido em linhas paralelas demais,
Numa escala indefinida.
Mas sou arquiteto.
Sou poeta, E sou muito mais que um sonhador,
Porque possuo em cima da velha prancheta,
Projetos para todos os sonhos;
Casas para abrigar um novo amor;
Caminhos para chegar ao Arco-íris;
E jardins para o aconchego do entardecer..."
Arquiteta e Urbanista Lienne Liarte
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